Orbitopatia Tiroideia (ou Orbitopatia de Graves)

O que é a Orbitopatia Tiroideia?

A Orbitopatia Tiroideia corresponde a uma doença inflamatória autoimune que afeta os tecidos em redor do globo ocular (músculos, gordura, glândula lacrimal), e que se desenvolve em associação a uma disfunção da tiroide, mais frequentemente hipertiroidismo. Pode afetar cerca de 25-30% das pessoas com hipertiroidismo por Doença de Graves, contudo também pode ocorrer em casos de hipotiroidismo no contexto de uma tiroidite autoimune.

É importante conhecer as suas manifestações, que poderão ser, em algumas situações, os primeiros sintomas da doença de base, conduzindo à investigação e diagnóstico das alterações da tiroide.

O acompanhamento destes casos deve ser feito por um Oftalmologista com experiência na área em conjunto com o Endocrinologista.

Como se manifesta?

As manifestações oftalmológicas são variáveis e podem envolver predominantemente um dos olhos ou ambos de forma similar. É importante estar atento aos seguintes sinais e sintomas:

  • Os olhos e as pálpebras (superiores e/ou inferiores) estão inflamados; as pálpebras inchadas, sobretudo de manhã
  • Nota os olhos diferentes, mais abertos ou proeminentes
  • Sente dor nos olhos ou atrás dos olhos, que pode ser persistente e piorar com os movimentos oculares
  • Tem sensação de irritação ocular, secura, dificuldade em encarar a luz
  • Vê as imagens a duplicar (visão dupla)
  • A visão está turva

A maioria dos casos são leves e melhoram espontaneamente ao longo de vários meses. Nalguns doentes, contudo, as manifestações podem ser graves, com possível compromisso visual.

A Orbitopatia Tiroideia passa por 2 fases:

A fase ativa inicial é a mais sintomática e pode durar alguns meses (poderá ser mais prolongada em fumadores). Após esse período inflamatório inicial a doença entra numa fase de estabilidade (fase inativa), contudo podem permanecer sequelas como exoftalmia (olhos salientes), retração de pálpebras (que conferem uma expressão de espanto), estrabismo ou bolsas adiposas palpebrais mais salientes. Após estabilização da função tiroideia e resolução da inflamação estas alterações podem ser corrigidas cirurgicamente.

 

Como se pode prevenir a Orbitopatia Tiroideia?

Não se sabe ainda com exatidão porque algumas pessoas com disfunção da tiroide desenvolvem orbitopatia e outras não.

O tabaco é um conhecido fator de risco para o desenvolvimento das manifestações oftalmológicas, que poderão ser mais graves e resistentes ao tratamento. Se fuma, deve deixar de o fazer, e poderá obter ajuda especializada nesse sentido.

Outros fatores como idade mais avançada, sexo masculino e diabetes mellitus são também fatores de risco para as formas mais graves da doença, sendo também importante um controlo adequado da função tiroideia.

 

Como tratar a Orbitopatia Tiroideia?

O tratamento é ajustado a cada caso e depende da fase da doença (ativa ou inativa) e da gravidade dos sinais e sintomas:

  1. Fase inicial (ativa), inflamatória.

Algumas medidas como lubrificação ocular regular com lágrimas artificiais, compressas frias e um suplemento de selénio, um mineral com propriedades antioxidantes, poderão ser benéficas para o controlo das queixas.

Algumas pessoas podem desenvolver manifestações mais graves, com necessidade de tratamento médico para redução dos sintomas de inflamação, dor e/ou visão dupla. A terapêutica de primeira linha são os corticóides, contudo nos últimos anos outros tratamentos imunossupressores, como o tocilizumab, micofenolato de mofetil, rituximab e mais recentemente o teprotumumab, têm demonstrado resultados promissores, criando um novo paradigma na abordagem à doença. A cirurgia poderá estar indicada em casos mais graves e resistentes à terapêutica médica, com risco de perda visual.

  1. Fase tardia (inativa)

As possíveis sequelas que podem persistir após a fase ativa (olhos salientes, pálpebras retraídas, “papos” nas pálpebras superiores e/ou inferiores) poderão condicionar um forte impacto físico e psicológico, interferindo significativamente nas tarefas diárias. Existem distintos procedimentos cirúrgicos que visam a recuperação da função visual e do aspeto da região periocular para o estado pré-orbitopatia. Esta indicação será sempre individualizada, sendo em muitos casos uma parte fundamental do processo de recuperação, que permitirá o regresso à atividade profissional e vida social.

 

Ler folheto Sabia que algumas doenças da tiróide podem afetar os seus olhos?